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quinta-feira, 14 de abril de 2011

UMA CRÔNICA

TRABALHAR É UM ÓTIMO REMÉDIO

Muitas vezes eu ouvi a parodia de um ditado popular: “O trabalho cansa e emagrece.” Só posso discordar dele. Quem me conhece vai entender por quê.

Hoje acordei quase travada com uma terrível dor nas costas, que me acompanha há umas duas semanas.

Com muita dificuldade caminhei com a Dora e as crianças até o trabalho da Marta. Lá, aceitei na hora um comprimido de analgésico que abri e coloquei na boca antes mesmo que ela trouxesse um copo com água. O assunto era outro, mas ela não teve alternativa a não ser me oferecer um Hiralem, acho que é este o nome. Sempre me socorrendo!

Depois de conversarmos um pouco, despedi-me de minhas irmãs e dos meus sobrinhos, e fui para o ponto de ônibus.

Eu e minha inseparável bolsa que parecia estar pesando uns cinquenta quilos pegamos um ônibus pro trabalho.

Coloquei um pé dentro do coletivo ‘e bota coletivo nisso’, o outro já foi mais difícil.

Pelo retrovisor eu olhava para o motorista que precisava fechar a porta.

Acredito que olhei para ele com a maior cara de interrogação que ao mesmo tempo também dizia tudo: E agora? Que faço? Calma aí que vou entrar... Desistir sem chance, pois tenho horário a cumprir.

Consegui e ele fechou a porta. A dor nas costas me matando e eu sem saber se aguentaria de pé, cair eu não iria, com certeza, não tinha espaço para isso. Sem saber se conseguiria sentar fechei os olhos e me transportei para uma praia onde caminhei ao sol para esquecer-me da dor.

Na metade do trajeto consegui sentar, sentei com muito cuidado me sentindo uma velha de cem anos.

Quando cheguei ao trabalho encontrei a Vivi, minha amiga e colega de sala, e despejei:

- Estou tão cansada, com tanta dor nas costas, quero minha mãe, quero ir pra casa, quero me aposentar!!!

- Você está com gripe?

- Estou também.

- Vai ao médico, por que não vai?

- Não dá tempo.

- Meu pai também falava assim.

Eu já havia deduzido qual seria a próxima resposta, mesmo assim perguntei:

- E aí?

- Foi para o Céu.

- Será que é pro Céu que eu vou? Se for vou encontrar minha mãe e meu filho.

- Se você for não me convida não.

- Tudo bem, mas se eu voltar pra falar com você, não vai fugir de mim? Vai?

- Não, não vou correr não. Aliás, volta mesmo e me conta tudo.

E foi embora pra casa, pois havia terminado seu horário.

Enfrentei horas num telefonema fazendo configuração de rede no Laboratório. Depois dei cinco aulas de informática em Educação de Jovens e Adultos.

Durante as aulas não sobra tempo para lembrar-me de mim.

Quando saí da escola eu estava bem melhor do que estava quando entrei. Até comentei com a Ione e contei sobre minha conversa com a Vivi.

A Ione é uma grande amiga, este ano que passou teve muita paciência comigo e me ajudou a passar por uma fase negra que me atormenta, sinto que ganhei mais uma irmã.

No caminho para a Rodoviária ela comentou:

- É... Na escola há muita troca de energia.

Fiquei pensando:

- É verdade, tanto para hoje quanto para outros dias e outros ambientes onde a troca de energia nem sempre é positiva para essa que vos fala.

De qualquer forma, trabalhar, para mim, não emagrece nunca e não é sempre que cansa.

Rosa Simão

12/04/2011

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